Autor: Orlando Fedeli
Fonte: www.montfort.org.br
Nome: Everton
Enviada em: 17/11/2002
Local: Rio de Janeiro - RJ,
Profissão: cientista político
Prezado senhor , Orlando Fedeli , saudações !
Gostaria de transmitir-lhe algumas idéias originárias da doutrina produzida pela Igreja dita ortodoxa (cismática), recentemente lidas por mim e que afirmam existir uma suposta "energia divina " 'não criada' , porém diferente da essência de Deus , e que permite que Deus possa conhecer o mal , sem ter arquétipos do mal na Sua essência.
Segundo essa doutrina , a concepção católica seria equivocada ,deficiente e contraditória , na tentativa malograda - segundo eles - de explicar de que modo Deus conhece o mal , o pecado , a queda do homem e a consequente necessidade da salvação através do sacrifício "vicario" do Cristo - determinado por Deus , desde antes da fundação do mundo - sendo Deus eternamente , santo , e , portanto , privado do conhecimento do pecado , do erro e do mal.
Alegam , portanto, os "ortodoxos" que a definição escolástica-tomista de Deus , como Ato Puro , onipresente , onipotente e onisciente , contradiz o conhecimento prévio de Deus sobre o mal.
Se Deus conhece o pecado , se Deus sabe previamente da " queda do homem " , o mal estaria em Sua essência , como um arquétipo e não apenas na obra da criação corrompida pelo pecado de Adão.
Os ortodoxos afimam ,também, que os católicos consideram as penas temporais como impostas por Deus aos homens , desde a "queda" de Adão e que - por isso - , Deus - na ótica católica - seria a fonte direta de sofrimento e de castigos.
Deus seria o autor do mal que - frequentemente - se confundiria com as ações próprias de Satanás.
Para eles,"ortodoxos", Deus não pune ninguém,ele permite que a humanidade se torne susceptivel ao sofrimento e às tentações dos anjos decaídos , porém , jamais sendo Ele a fonte do mal , o autor do mal .
Gostaria de saber se - de fato - existe essa contradição no pensamento católico , e se essas idéias da Igreja cismática não configuram um certo tipo de gnose , porque afirmar existir uma energia incriada , mas "não essencial" de Deus , é algo que se assemelha muito aos conceitos gnósticos referentes à existência de supostas divisões e de partículas divinas ,ou ainda , de emanações divinas , distintas , da essência divina.
Não conheço , na doutrina católica , nada referente à existência dessa tal "energia vivificante" que uniria o mundo espiritual ao mundo fisico e natural.
Sei que Deus é onipotente , que - sob a graça - estamos autorizados - leigos e sacerdotes - a bendizer , agradecer , louvar a Deus e transmitir a Sua mensagem salvifica , e , igualmente , bendizendo e transmindo a graça divina que nos mantêm na lei , no reto caminho , na comunhão com o Espírito Santo de Deus , a todos os homens de boa-vontade - unidos à Igreja celeste ; mas ignoro a existência de qualquer outra realidade como essas tais "energias" que pudessem realizar uma vivificação regeneradora e reconciliadora da obra criada , com a sua origem .
Existem outras divergências com a Igreja ortodoxa como o fato deles negarem a existência de um governo universal da Igreja a partir de Roma , e igualmente de negar o primado de Pedro.Alegam ser teocêntricos e não concordam com a idéia de um Vigário para o Cristo na terra , para eles a Cabeça da Igreja é o Espírito-Santo.
Não aceitam a doutrina do purgatório, negam a existência do 'pecado original' e afirmam que o Espírito -Santo procede apenas do Deus-Pai e não do Deus-Filho (Filioque) o que faria - segundo eles - do Deus Filho ser Pai do Deus Espirito-Santo , o que é uma leitura equivocada do fenômeno das processões divinas "ad intra " e " ad extra ".O Espirito Santo é o Espirito de Verdade e ,como tal, deve proceder da Verdade de Deus , da Inteligência de Deus ,que é o Deus- Filho ,engendrado eternamente em Deus , como parte de Sua Natureza imanente , gerado mas não criado.
Gostaria de ouvir alguns comentários seus a esse respeito , e , também , sugerir que esse tópico fosse incluido no seu temário referente à gnose e às diversas modalidades do pensamento gnóstico , eventualmente , infiltradas na doutrina da Igreja de Cristo , bem como, às vetentes heréticas do pensamento cristão.
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Seguem abaixo , essas passagens que destaquei num texto publicado em site "ortodoxo" da Internet.
" Los Padres Ortodoxos (siguiendo la Bíblia) consideran a la salvación como la Redención de la muerte y la corrupción y como un remedio de la naturaleza humana, la cual fue atacada por Satanás y por ello los Santos Padres ponen como bases de sus enseñanzas Cristológicas "lo no asumido permanece incurable" esto es, Jesucristo curó a la naturaleza humana por que él la asumió. ( Padre Loannis Romanidis, Pag. ,13,17,18,28,29,30,90,137,141,142).
2) Conocimiento de Dios sobre las Energías Divinas no Creadas.
La enseñanza de los Católicos Romanos sobre la "gracia salvadora creada" no es debido solamente a su errónea noción sobre la Salvación pero también sobre una enseñanza hereje sobre Dios.
Los Católicos Romanos generalmente identifican la esencia divina no creada con la energía de Dios y claman que Dios es "actus purus". Por lo que es imposible que acepten la comunicación real de la energía divina no creada, porque esto significaría que también las criaturas participan de la divina esencia. Para evitar el Panteísmo, es decir, la comunión real de la esencia divina por las criaturas, ellos enseñan que la gracia divina salvificante la cual es participante por el mundo, es creada.
Sin embargo enseñan que los que son salvados tienen una relativa comunión con la esencia divina clamando que los Santos tienen una dichosa visión de la esencia divina, esta es una enseñanza que es inaceptada por los Padres Ortodoxos.
Los Católicos Romanos tienen nociones cosmológicas engañosas, que les permiten examinar la esencia divina, porque la identificacian con las energías divinas.
La presunción de la Teolología Católica Romana es la "analogía fidei' (analogía de la Fe). Todas las cosas en el mundo son principalmente pinturas en el tiempo de los originales (arquetipos) que existen en la esencia del Unico (Dios).
Los Católicos Romanos después de la identificación Escolástica de la esencia divina con la energía divina, a fín de evitar el obvio Pateísmo, usan el sofísmo de que Dios no tiene una relación directa y real con el mundo, (porque esto significaría una sustancial dependencia de la esencia divina por el mundo), sino que Dios tiene una relación indirecta con el mundo, que Dios supuestamente concibe los arquetipos (los originales) de la Creación y el Orden entre ellos que es la eterna ley divina en su ausencia y sin haber nacido, consecuentemente Dios conoce y ama al mundo en sus arquetipos (originales). Pero entonces algunas preguntas pueden dar origen:
Si en esencia y energía (toda vez que estas dos son idénticas, conforme a los Católicos). Dios conoce y ama directamente solo a los arquetipos entonces : Cómo conoce él el mal o por lo menos como sabe él que hay una necesidad de enviar a su hijo a salvar a la humanidad caída?
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Si Dios es "actus purus", pero , puede conocer el mal o saber la necesidad de la Salvación de los humanos, entonces la noción del mal , o la necesidad de la caída , o el de "no ser" debe también estar entre los arquetipos de la esencia divina.
Por lo tanto , de acuerdo a esta teoría, la noción del mal deb ser"parte" de la esencia divina, porque si esta es independiente, entonces la teoría Escolástica sobre la Omnisciencia se derrumba, excepto si aceptamos que el mal es inexistente cuando la necesidad para una Salvación real del mal se vuelve fábula vacía.
Al contrario , los Padres ortodoxos ensenan una distinción unidimencional entre la esencia divina no creada y la energía divina no creada, toda vez que la esencia divina no es participada. (Sínodo de Constantinopla 1341 D.C. y Art. 10 de la confesión de fe de Constantinopla, 1727. D.C.).
Conforme a los Padres Ortodoxos la Esencia Divina ni es aprovechada por el cerebro humano ni es identificada con las energias atributos y aptitudes divinas. (Padre Loannis Romanidis, pag. 16,29,30,).
En otras palabras, los humanos pueden participar en las energías y es exactamente que Dios a través de sus energías no creadas (y no con su esencia) crearon al mundo de la nada, El lo gobierna y lo conoce. "
Atenciosamente
Everton N Jobim
Cientista Político e Professor de Antropologia Social
formado pela PUC e pelo Museu Nacional da UFRJ
Muito prezado Professor Everton Jobim, salve Maria!
Perdoe-me a demora em responder-lhe. Mas o acúmulo enorme de cartas a mim enviadas, causou um atraso em responder a sua carta, o que lamento muito.
Achei suas informações extremamente interessantes, tanto mais que versam sobre um campo da Gnose a que quase não tenho acesso algum, isto é, a Gnose na Igreja dita "ortodoxa".
Gostaria muito de conversar um dia com o senhor, para que o senhor me desse uma aula sobre suas pesquisas, tão interessantes, sobre as crenças e doutrinas que correm, hoje, entre os cismáticos.
Era natural que a Gnose arrastasse a muitos dos cismáticos, que, não se apoiando na rocha de Pedro, colocada por Cristo como fundamento da Igreja, teriam que sossobrar.
Achei incríveis as teses expostas no site "ortodoxo", que o senhor cita.
Sem dúvida, elas são de natureza gnóstica, e indicam uma certa influência, talvez da Cabala, pois é na Cabala -- especialmente a luriânica -- que se acentua a existência do mal, em Deus.
Enquanto lhe escrevia esta resposta, veio-me uma idéia. Seria difícil, para o senhor, vir a São Paulo, dar uma palestra sobre a Gnose na igreja cismática?
Suas informações sobre as heresias e erros atuais na igreja cismática são preciosas também para combater um ecumenismo... "ingênuo", que vê na Igreja ortodoxa apenas um cisma e nada mais, julgando que ela tem a mesma doutrina que o Catolicismo em tudo, exceto a obediência ao Papa.
É com alegria que o convido, pois o senhor é o primeiro leitor e a primeira carta de consulente a quem devo dizer um obrigado cheio de admiração e de reconhecimento, por me ter aberto um novo campo de combate.
Que Deus lhe pague, dando-lhe um Santo Natal ao senhor e a toda a sua família, é o que lhe deseja de toda alma,
in Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli