quinta-feira, 27 de março de 2008

PASTOR PROTESTANTE INVESTIGADO POR POSSÍVEL ENVOLVIMENTO COM O TRÁFICO!!

Autor: Jornal Folha de São Paulo
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2708200425.htm

Publicado no Jornal FOLHA DE SÃO PAULO em 27/08/2004

Religioso, que interveio no motim de prisão em maio, teria bens incompatíveis com atividade em igreja

Polícia investiga suposta ligação de pastor com tráfico

O presidente da Igreja Assembléia de Deus dos Últimos Dias, pastor evangélico Marcos Pereira da Silva, é investigado pela Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais da Polícia Civil do Rio) por suposta lavagem de dinheiro do tráfico de drogas.

Segundo policiais da Draco, o pastor teria uma reserva de minas de esmeralda na Bahia e outros bens não-revelados.

O patrimônio seria incompatível com o que arrecada em sua igreja.

Para os investigadores, isso pode ser indício de envolvimento com o tráfico.

Silva foi o pastor chamado pelo secretário de Segurança Pública, Anthony Garotinho, para negociar com detentos rebelados da Casa de Custódia de Benfica (zona norte do Rio), no final de maio.

A suspeita dos policiais da Draco é reforçada pelo fato de o traficante Alberico de Azevedo Medeiros, o Derico, apontado como o chefe do tráfico no complexo de favelas de Acari (zona norte), ter sido visto várias vezes no culto do pastor na comunidade.

Derico foi preso há duas semanas em Maringá (PR), em um apartamento pertencente a um pastor da igreja.

Os policiais investigam a ligação de Silva com a suposta ONG Infante, em Acari (zona norte). Segundo investigações, contas de telefones e recibos de viagens supostamente de traficantes estariam em nome da entidade.

Anteontem, policiais da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes) fizeram uma vistoria em uma fazenda de propriedade de Silva em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense). No local, foram encontrados três cavalos que pertenceriam a Derico, além de três homens foragidos da Justiça.

Segundo o titular da DRE, delegado Anderson D'Azevedo, a ação fez parte de um inquérito que apura negócios de Derico.

No mesmo local, os policiais apreenderam vídeos de cultos do pastor em favelas e presídios.

O material está sendo apreciado por policiais que pretendem descobrir se criminosos participaram dos cultos, entre eles Róbson André da Silva, o Robinho Pinga, chefe da facção criminosa TCP (Terceiro Comando Puro), e outro conhecido como Negro Tula. Robinho Pinga teria sido convertido por Silva. [i]

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2708200425.htm

O NEGOCIADOR

Folha de São Paulo, 01/06/2004

Líder evangélico conta que já interveio em 11 rebeliões no Rio e que fala a língua dos anjos

Pastor afirma que governador o chamou

ANTÔNIO GOIS



O pastor evangélico Marcos Pereira da Silva, 47, foi o principal personagem do fim da rebelião em Benfica.

Sua presença foi exigida pelos presos e viabilizada, segundo diz o próprio pastor, pelo secretário de Segurança Pública, Anthony Garotinho.Silva afirma que Garotinho ligou pessoalmente para ele anteontem pedindo sua presença em Benfica.

"O secretário conhece meu trabalho com os presos e mandou um helicóptero me pegar", disse à Folha.

Ele é o principal líder da igreja Assembléia de Deus dos Últimos Dias, que não tem relação com a Assembléia de Deus, maior denominação evangélica do Brasil.

Não foi a primeira vez que a secretaria, por exigência dos presos, teve que recorrer ao pastor para acabar com uma rebelião.

Há dois anos, Silva foi chamado para ajudar nas negociações em dois motins no complexo penitenciário de Bangu.

Pelas suas contas, o número de rebeliões das quais participou chega a 11.

Segundo o relato do pastor, ele chegou à Benfica por volta das 16h. "Me assustei porque os presos tinham amarrado vários reféns.

Juntei uns 700 numa quadra para glorificar Jesus e o Espírito Santo.

Fiz uma oração e muitos caíram possessos do demônio.

Depois, consegui convencê-los a terminar a rebelião."

O pastor diz que em nenhum momento viu corpos no presídio, apesar de ter tido a informação, antes de entrar, de que cerca de 30 pessoas já teriam morrido.

Ele afirma que tem o respeito dos presos por seu trabalho em prisões e delegacias, iniciado em 1991, e por dar assistência a famílias de presos.

"Quando vou aos morros, olho no olhos deles e eles caem, com armas e tudo. Tenho dons espirituais e falo a língua dos anjos. Eles ficam maravilhados com isso."

A proximidade do pastor com familiares de traficantes já foi investigada pela Polícia Federal, que suspeitou de crime de lavagem de dinheiro do narcotráfico, e acompanhada pela Polícia Civil do Rio, que chegou a gravar conversas suas com traficantes.

Polícias e agentes, sem se identificar, disseram a jornalistas anteontem que Silva teria preferência pelos presos do Comando Vermelho, fato que ele nega.

"Atuo em todos os morros. Quem não conhece meu trabalho acha que estou usando a igreja.

Já fui detido uma vez, mas eles [os policiais] perceberam que sou honesto.

O que eu ganho vai para a Assembléia de Deus dos Últimos Dias. Ganhei um [automóvel] Land Rover e vendi para ajudar a igreja."

"O que sabemos é que ele é ligado às irmãs do Marcinho VP [o traficante Márcio dos Santos Nepomuceno, chefe do Comando Vermelho preso em Bangu 1] e que atua na órbita de parentes de vários traficantes.

O público-alvo dele é esse. Imaginamos que parte dos recursos da igreja possa vir desses familiares, mas não há evidências de que ele seja integrante de alguma facção", afirma a inspetora Marina Maggessi, da Coordenadoria de Inteligência da Polícia Civil.

Segundo Silva, a Assembléia de Deus dos Últimos Dias tem cerca de 800 fiéis no Rio.

As mulheres que vivem no local andam com vestidos longos que deixam expostos apenas o rosto e as mãos.

"O corpo da mulher é feito apenas para seu marido", diz. Ele explica que leva a Bíblia "ao pé da letra" e procura evitar ao máximo ler "jornais e revistas que não edificam".

Em suas orações, ele coloca a mão na testa dos fiéis e diz que, com esse gesto, os faz caírem no chão e expulsa o demônio do seu corpo

fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u95107.shtml

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Pessoas ligadas a pastor são presas no Rio

Rio de Janeiro - Agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) cumpriram ontem três mandados de busca e apreensão em endereços relacionados ao pastor Marcos Pereira da Silva.

O religioso se tornou uma figura conhecida e polêmica por suas constantes intervenções em rebeliões e motins ocorridos no sistema prisional fluminense.

Em dois dos endereços, um homem foi preso e centenas de fitas de vídeo, apreendidas.

A Secretaria de Segurança Pública não informou se o religioso será indiciado por associação ao tráfico.

O pastor Marcos, como é conhecido, preside a Assembléia de Deus dos Últimos Dias, fundada por ele e seu irmão, o pastor Robson, em 1991.

Em maio, quando 30 detentos foram chacinados na Casa de Custódia de Benfica, ele participou das negociações com os presos e foi considerado essencial pelo secretário estadual de Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos, para que a tragédia não fosse pior.

Em um sítio pertencente ao pastor, localizado em Tinguá, na Baixada Fluminense, os policiais prenderam Anderson Pegado, contra quem havia três mandados de prisão da Vara Criminal de Nova Iguaçu, um por estupro, outro por roubo e o terceiro por atentado violento ao pudor.

Na sede da igreja, em São João de Meriti, também na Baixada, os policais apreenderam as fitas, que serão periciadas com o objetivo de identificar criminosos que freqüentam os cultos do pastor Marcos.

Ontem à noite, ainda não havia informações sobre a incursão no terceiro endereço, a casa de um pastor identificado como Renato.

A Assembléia de Deus dos Últimos Dias atua principalmente entre a população carcerária, parentes de presos e ex-presidiários.

As irmãs do traficante Márcio Nepomuceno dos Santos, o Marcinho VP, são fiéis da congregação.

Por isso, o pastor Marcos já foi apelidado de "pastor do CV", em referência à facção criminosa Comando Vermelho.

O religioso, porém, nega ligação com a facção, e diz que criminosos de outras quadrilhas pertencem a sua igreja.

fonte: http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2004/ago/25/289.htm


Recordando:

"Abaixem as armas, pois eu sou um homem de Deus"

Pastor que encerrou rebelião de presos na Casa de Custódia de Benfica, no Rio de Janeiro, diz que o número de presos mortos poderia passar de cem

Quando o pastor evangélico Marcos Pereira da Silva, 47 anos, líder da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, no bairro do Éden, em São João de Meriti (RJ), recebeu uma ligação em seu celular, pouco antes das 15h, do dia 31 de maio (uma segunda-feira), ele não imaginava que, poucas horas depois, iria tornar-se peça fundamental para o encerramento da maior rebelião de presos da história do sistema penitenciário do estado do Rio de Janeiro.

Com a Bíblia na mão e a certeza de que deveria estar pronto para tudo, o pastor atendeu ao apelo do secretário de Segurança Pública do Estado, o ex-governador Anthony Garotinho, e seguiu em um helicóptero da Polícia Civil para a Casa de Custódia de Benfica, na zona norte do Rio de Janeiro, com o objetivo de pôr fim a um motim que já durava quase três dias.

A missão era muito delicada: 31 pessoas (30 detentos de facções rivais do grupo criminoso Comando Vermelho e um agente penitenciário) tinham sido mortas a tiros, com golpes de facão ou a pauladas durante a rebelião na prisão, que comportava cerca de 800 detentos.

Mas o pastor não se intimidou.

"Já cheguei ordenando, em Nome de Jesus, que eles abaixassem as armas, pois quem estava ali era um homem de Deus", conta Marcos.

Durante seus 15 anos de ministério com presos do sistema penal no Rio e em São Paulo, o pastor já havia sido solicitado para intervir em outras dez ocasiões.

Mas, dessa vez, a situação era desesperadora. "Havia outros cem detentos que estavam amarrados.

Eles esperavam a morte chegar.

Os sobreviventes disseram que poderia ter sido pior se a polícia invadisse, porque todos eles morreriam", relata o pastor, que se tornou, de uma hora para outra, manchete dos principais jornais brasileiros.