quinta-feira, 13 de março de 2008

LÍDER PROTESTANTE DEFENDE APLICAÇÃO DA LEI ISLÂMICA!

Autor: Agência Estado
Fonte: http://br.noticias.yahoo.com/s/07022008/25/mundo-arcebispo-defende-lei-islamica-reino-unido.html

O arcebispo da Cantuária, líder máximo da Igreja Anglicana, pediu hoje a aplicação limitada da Sharia - a lei islâmica - na Grã-Bretanha.

O arcebispo obteve o apoio imediato dos muçulmanos.

A proposta insólita do mais importante líder cristão da Grã-Bretanha permitiria, se adotada, que os islâmicos que vivem no Reino Unido resolvessem disputas conjugais e financeiras em tribunais islâmicos em vez de cortes de Justiça britânicas.

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O arcebispo Rowan Williams disse em uma entrevista de rádio à British Broadcasting Corporation (BBC) que incorporar a lei islâmica poderia ajudar a melhorar a coesão social britânica. Williams disse que tal mudança parece "inevitável".

"Algumas disposições da Sharia são reconhecíveis e já estão presentes na nossa sociedade ou sob a nossa lei, então não é como se trouxéssemos um sistema rival ou alienígena," afirmou Williams, que planeja fazer uma palestra sobre o tema na noite de hoje.

O porta-voz do primeiro-ministro do Reino Unido Gordon Brown rejeitou imediatamente a proposta.

"O primeiro-ministro Brown acredita que apenas a lei britânica deve ser aplicada neste país, baseada em valores britânicos," disse o porta-voz Michael Ellam.

A proposta também foi rejeitada por Sayeed Warsi, ministra de Ação Social e Coesão Comunitária.

Ela afirmou que todos os cidadãos britânicos precisam se submeter às mesmas leis feitas pelo Parlamento.

Williams disse que ele não advogou que a Grã-Bretanha deva adotar os aspectos mais extremos da Sharia, que são associados a punições muito duras, determinadas por tribunais na Arábia Saudita e alguns outros países que também são conhecidos por deixar em segundo plano os direitos das mulheres.

"Ninguém em sã consciência", gostaria de ver isso, disse ele, pedindo por um "olhar sem preconceito" quando a lei islâmica for discutida.

Mohammed Shafiq, diretor da Fundação Ramadã, disse que a aplicação da Sharia ajudaria a reduzir as tensões na sociedade britânica.

"Tornaria os islâmicos mais orgulhosos em serem britânicos," ele disse. "Daria aos islâmicos a percepção de que os britânicos respeitam nossa fé."


Disputas civis

Shafiq disse que é importante que os não muçulmanos na Grã-Bretanha entendam que Williams não sugere que a Sharia seria adotada para julgar crimes, apenas para resolver disputas civis.

Esse tipo de tribunal para resolver conflitos civis é comum nos países islâmicos e também é usado em algumas regiões do Canadá, ele disse.

Tanto Shafiq quanto Williams notaram que a Grã-Bretanha já permite aos judeus ortodoxos resolver suas disputas sob a lei judaica tradicional.

Rodney Barker, professor de ciências políticas na London School of Economics, disse que a decisão de Williams em abordar uma questão controversa como essa não é surpresa.

"Ele não é um clérigo conservador," disse Barker.

"Ele reconhece que nós vivemos em uma sociedade onde não existe uma só religião dominante.

Ele não diz 'eu tenho a verdade e o resto de vocês está iludido e enganado.'"

Mas existem perigos em permitir que uma comunidade aplique um tipo de Justiça enquanto outra usa um sistema diferente no mesmo país, afirma Fawaz Gerges, professor de estudos sobre o Oriente Médio no Sarah Lawrence College, em Bronxville, Nova York, que escreveu bastante sobre o Islã militante.

"Isso é um campo minado," ele disse.

"Onde isso vai parar?

Onde você coloca um limite?

A Grã-Bretanha é uma nação de leis, uma vez que você diz a uma comunidade que ela pode aplicar suas próprias leis, você estabelece um precedente perigoso."

Ele afirma que a imagem da Sharia no Ocidente foi distorcida e usada pelos militantes islâmicos como uma justificativa para derrubar governos seculares e estabelecer governos islâmicos.

"Infelizmente, nos últimos dez anos a história foi uma história de militância (islâmica)," disse Gerges.

"Mas eu não acredito que você encontrará um só muçulmano, talvez só com exceção dos seculares, que não acredite que a Sharia é sagrada e que ela cobre todos os aspectos da vida."

O professor acredita que seria impossível aplicar todos os preceitos da Sharia em um país como a Grã-Bretanha.

"É extremamente complexo," disse Gerges. "Mesmo entre os intelectuais islâmicos, existe um grande desacordo sobre essa legislação que foi feita e interpretada nos últimos 1.400 anos.

Mas do ponto de vista islâmico, a aplicação de uma parte da Sharia é extremamente desejável."